Em Porto Alegre o número chega a 490,5 mil, segundo o Boletim de Desigualdades produzido pela PUCRS

 

Segundo dados da nona edição do boletim Desigualdade nas Metrópoles, produzido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em parceria com o Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), entre 2020 e 2021, mais de 3,8 milhões de brasileiros residentes nas metrópoles brasileiras entraram em situação de pobreza, registrando 19,8 milhões de pessoas no conjunto das Regiões Metropolitanas, o maior valor da série histórica. O documento conclui que, nos últimos anos, o cenário que se desenha é de uma grave crise social, tornada ainda mais profunda pelos efeitos da pandemia da covid-19.

Os dados do boletim são provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua anual, do IBGE. O recorte utilizado é o das 22 principais áreas metropolitanas do país, que concentram quase 40% da população brasileira. Em valores mensais de 2021, a linha de pobreza é de aproximadamente R$ 465 per capita e a linha de extrema pobreza é de aproximadamente R$ 160 per capita.

Entre 2014 e 2021, período abrangido pelo boletim, a taxa de pobreza foi de 16% para 23,7%, uma elevação de 12,5 milhões para 19,8 milhões de pessoas. Em relação à extrema pobreza, no mesmo período a taxa variou de 2.7% para 6.3%, de 2,1 para 5,2 milhões de pessoas. Na região metropolitana de São Paulo, a maior do país, o número de extremamente pobres passou de 381 mil para mais de 1 milhão de pessoas em sete anos.

O estudo aponta que, como efeito da pandemia, a média de rendimentos atingiu os menores valores da série histórica, com o rendimento médio de 2019 de R$ 1.935, em 2020 de R$ 1.830, e em 2021 de R$ 1.698. Na região metropolitana de Porto Alegre, foi de R$ 2.218 para R$ 1.947, uma queda de 12%. De acordo com Marcelo Ribeiro, professor do IPPUR-UFRJ e um dos coordenadores do estudo, “a pandemia gerou o pior cenário possível, com queda brutal da média de renda e aumento significativo das desigualdades. Isso significa que a população das nossas metrópoles está, em geral, mais empobrecida, e os recursos mais concentrados entre os estratos mais altos. A consequência esperada e mais palpável disso é o aumento da pobreza e da extrema pobreza.”

No final de 2020 e início de 2021, os dados apresentam um aumento abrupto da taxa de pobreza, de 19% para 24,7%, e a extrema pobreza sobre de 4,1% para 6,7%. “A piora súbita dos indicadores de pobreza e desigualdades se dá logo no primeiro trimestre de 2021, justamente quando o governo federal decide interromper o pagamento do Auxílio Emergencial, a partir de uma avaliação equivocada da situação”, explica André Salata, professor da PUCRS e outro coordenador do estudo.

Os professores reforçam que a piora dos indicadores sociais nas regiões metropolitanas se devem a vários fatores, incluindo o aumento da taxa de desocupação entre 2014 e 2017, a redução da atividade econômica, a estagnação dos programas de transferência de renda em termos de valores de corte e número de beneficiários, a perda do poder de compra do salário mínimo, a pandemia e o aumento da inflação.

 

Fonte: Sul 21

Crédito foto: Sapão/CUT


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