Representante da Fetrafi-RS classifica Programa como “perverso” ao nivelar por baixo e reduzir salários e direitos dos futuros comissionados
O Banco do Brasil surpreendeu aos seus funcionários nesta segunda-feira, 3 de fevereiro, com o anúncio de medidas que vão alterar a forma de remuneração na instituição. A alegação é de que os ganhos dos funcionários serão potencializados, a partir do desempenho de cada um. Na prática, o Programa Performa (nome dado pelo banco à série de medidas), cria um novo plano de funções sem negociação com as representações dos trabalhadores.
Em videoconferência entre a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) e o Banco, nesta segunda-feira, as Dipes e Gepes estaduais explicaram os principais pontos do Programa.
A partir da conversa, a diretora do SindiBancários Porto Alegre e Região e representante da Fetrafi-RS na COE do BB, Bia Garbelini, concluiu que o Banco do Brasil, mais uma vez, optou por um caminho “perverso”, ao nivelar os funcionários por baixo, reduzindo salários e direitos dos futuros comissionados e impondo uma remuneração variável sem negociação com o movimento sindical. Prova disso que o PDG contempla apenas 40% dos funcionários, sendo que a premiação máxima, na faixa de 1,5 a 2 VR’s, vai atender somente 5%.
“Novamente, o banco institucionaliza a competição e o individualismo entre funcionários, divide as equipes em novos e antigos e traz mudanças que beneficiam somente executivos e diretores”, afirma Bia. Segundo ela, preocupam, também, os impactos das reduções nos resultados da Cassi e Previ. Na GDP, apesar de uma aparente melhora nos processos avaliativos, será preciso acompanhar a questão de perto para garantir que não haja distorções que prejudiquem os funcionários.
Plano de funções
Veja as novidades do plano de funções:
• Cargos que tiveram o VR reduzido: atuais comissionados mantém a remuneração e quem for nomeado a partir de agora entra na regra nova de remuneração;
• Cargos que tiveram o VR elevado (apenas Ger. Rel. PAA/Private/Corporate Upper Middle/Hunter): já serão contemplados a partir de agora;
• O módulo avançado da gerência média é descontinuado imediatamente, mas será mantido para quem já está avançado;
• É criada a VTVF (Verba Temporária Variável de Função), em substituição ao VR, a qual farão jus os comissionados atuais. A verba é de caráter pessoal, natureza salarial e mantém reflexos nas férias, INSS, Cassi e Previ, sem prejuízo dos adicionais de mérito;
• Carreira em Y: Criação dos cargos de especialista I, II e III para funções técnicas, com equiparação salarial aos cargos gerenciais (no momento aplicado à sede);
• Ditec: Extinção das funções de Analista de TI (FG) e criação das funções de Assessor de TI (FC). Os atuais já estão nomeados, porém a posse depende da anuência dos funcis mediante assinatura do termo de função de confiança no prazo de 60 dias. Quem não aceitar entra em VCP por 120 dias;
• Demais funções na Sede: Criação dos Cargos de Assessor I, II, III e Trainee.
Programa de Desempenho Gratificado
O Programa de Desempenho Gratificado (PDG) trará mudanças já a partir do segundo semestre deste ano:
• Passa a ter como público-alvo 100% do quadro funcional;
• Área negocial: até 2 Valores de Referência (VR’s)
• Demais áreas: até 1,5 VR
O regulamento do PDG será definido ao longo do primeiro semestre. Para os novos participantes, serão considerados pré-requisitos, indicadores, metodologias de aferição de desempenho, de grupamento, de classificação e de premiação. Segundo o coordenador da CEBB, João Fukunaga, “o movimento sindical denunciou as regras nada claras para esta remuneração variável, mas o banco se recusa a negociar esse programa”.
Gestão de Desempenho de Pessoas
Além dos parâmetros e métricas já definidas na Gestão de Desempenho de Pessoas, o banco implementará outras ações para a gestão do desempenho dos funcionários pelos gestores e ainda traz como suposta inovação as análises e tratamentos posteriores aos conceitos atribuídos. Segundo o banco o objetivo é minimizar a adoção de critérios distintos entre os diferentes avaliadores.
A maioria das medidas passa a valer já neste primeiro semestre, como a mudança no Plano de Desenvolvimento de Competências (PDC), que agora é direcionado somente aos funcionários que apresentaram necessidade de aprimoramento no semestre anterior. A partir de março, o PDC ficará disponível na UniBB (Mapa de Carreira), sem necessidade de ciência do gestor.
Seguem as mudanças:
• Calibragem automática do placar: desempenho será recalculado com base na média dos conceitos atribuídos pelos avaliadores;
• Acordo de desenvolvimento para funcis que apresentarem lacunas, com feedback de aprimoramento no trimestre, evitando deixar a anotação para final do ciclo da GDP;
• Avaliação trimestral de acompanhamento, mantendo a avaliação oficial no fim do semestre, com o objetivo de ampliar a prática do feedback;
• Integração do Plano de Desenvolvimento de Competências com a Unibb (Mapa de Carreira).
Fonte: Fetrafi-RS com informações da Contraf-CUT