INSTITUCIONAL / HISTÓRIA

O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Caxias do Sul e Região foi fundado em 24 de outubro de 1935, por 39 bancários, sob a denominação deSyndicato Caxiense dos Bancários. A entidade foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho em 19 de setembro de 1936, período compreendido entre a Assembléia Constituinte e o Estado Novo.

Entre as primeiras medidas encaminhadas pela direção do Sindicato estava o pedido para que o Ministério do Trabalho fiscalizasse o cumprimento da jornada de seis horas diárias e quinze dias de férias. Esses direitos foram conquistados pela categoria e transformados em Lei através dos decretos 23.322, de 3 de novembro de 1933, e 23.103, de 19 de agosto de 1933. Outra solicitação foi a indicação de um representante como delegado do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários (IAPB), para Caxias do Sul.

Primeira sede própria do Sindicato, adquirida em 1963, na rua Borges de Medeiros, 676

Neste período, a cidade contava com sete bancos: da Província, Nacional do Comércio, do Rio Grande do Sul, Agrícola e Mercantil, Industrial e Comercial do Sul, Francês e Italiano e o Banco do Brasil, denotando que a região era importante do ponto de vista econômico. Os primeiros tinham matriz em Porto Alegre, enquanto as sedes dos dois últimos eram localizadas fora do estado.

Já em 1937, o Sindicato dos Bancários filiou-se à União Sindicalista Caxiense. Neste ano, um fato marcou a história da entidade: Gysmunda Pezzi, por um curto período assume a presidência, sendo a primeira mulher a ocupar este cargo em um Sindicato no estado.

Em 5 de dezembro de 1941, a entidade passa a denominar-se Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Caxias do Sul, e seu estatuto é registrado junto ao Ministério do Trabalho, adaptando-se à legislação vigente. A base territorial é ampliada, abrangendo também Alfredo Chaves – atual município de Veranópolis – e Guaporé, que deixa de pertencer à base em 10 de agosto de 1956.

Em 21 de junho de 1943 os bancários aprovam a filiação do Sindicato, como membro fundador, à Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre.

Passeata de bancários pela Av. Júlio de Castilhos, na maior greve da categoria, em 1985

A participação do Sindicato na greve de 1946, logo após a queda do Estado Novo, demonstra que as conquistas através da luta também eram importantes para os bancários da região. O movimento paredista durou 19 dias, de 24 de janeiro a 12 de fevereiro, e foi deflagrado com o objetivo de conquistar o salário profissional. Foi através desta greve que os bancários garantiram reajuste salarial e o compromisso do governo em criar uma comissão paritária para discutir o salário profissional e o quadro de carreira da categoria.

A década de cinqüenta é caracterizada por diversas atividades recreativas, como festas, jantares do Dia dos Bancários, escolha de rainha, campeonatos de futebol e tênis de mesa, culminando na criação do Departamento Esportivo. A iniciativa buscou congregar os diversos grêmios existentes nos bancos.

Em 1958 o IAPB financia a construção da Vila dos Bancários, no Bairro Cruzeiro. O Instituto também financiou o Edifício dos Bancários, um prédio residencial localizado no centro de Caxias do Sul.

No final desta década, os bancários retomam a realização de encontros e congressos nacionais com maior freqüência. Em 1958, o então Presidente do Sindicato dos Bancários, Rômulo Segalla, participa do VII Congresso Nacional dos Bancários, em Belo Horizonte. Segalla, na oportunidade, faz um pronunciamento eloqüente em favor das reformas sociais.

Nos primeiros anos da década de sessenta, os bancários promovem diversas manifestações e greves. A paralisação de 1962 conquistou o fim do trabalho aos sábados, uma antiga reivindicação da categoria. Uma intensa luta política e social caracteriza este período da história brasileira.

Em 1963, no dia 10 de junho, o Sindicato passa a ter sua sede própria, na Rua Borges de Medeiros, 676, onde localiza-se até hoje.

Sob a presidência de Rômulo Segalla e com a ativa participação dos bancários, o nosso Sindicato se torna uma das mais atuantes organizações sindicais do estado. A atuação da entidade desperta a atenção da sociedade local da época, principalmente depois das mobilizações da categoria, em 1963 e 1964.

O golpe de Estado de 1964 – movimento civil-militar – interrompe as mobilizações dos bancários, perseguindo e prendendo as lideranças mais destacadas. Em Caxias do Sul, o Presidente do Sindicato, Rômulo Segalla, é preso com forte aparato militar. A prisão acontece no seu local de trabalho, o Banco do Brasil, no dia 7 de abril. Também foram presos o Secretário do Sindicato, Clóvis Sperandio, e o assessor jurídico, Percy Vargas de Abreu e Lima.

Manifestação de bancários na greve de 1987, em Caxias do Sul 

Logo após a prisão de suas lideranças, o Sindicato sofre intervenção militar, no dia 17 de abril. Através das ordens do Comandante do III Exército, é nomeado como interventor no Sindicato o General Itacyr Rosa Cruz. Seu primeiro ato foi destituir a diretoria e nomear uma Junta Governativa Interventora, composta por bancários.

A intervenção foi suspensa em 30 de junho de 1964, por ordem do General de Divisão, Mário Poppe de Figueiredo, Comandante do III Exército. Segundo registrado em ata da época “por terem cessado os motivos que a determinaram”.

Nesta data, os interventores entregam a direção do Sindicato à Junta Governativa Provisória, nomeada no ato da intervenção e que permaneceu na direção até 24 de setembro de 1965, quando foram realizadas eleições.

Em 1966, a unificação da previdência social com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), foi um duro golpe para os bancários. O IAPB, conquista da categoria, deixou de existir, sendo incorporado como os demais institutos de outros trabalhadores. A criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) no mesmo ano, eliminou na prática o direito à estabilidade no emprego.

Em 1979, os bancários de Caxias do Sul participam de uma greve importante, entre os dias 6 e 12 de setembro. A adesão ao movimento foi imediata e quase total. Nesse período, a categoria bancária resgatou sua tradição de luta, após 15 anos amordaçados pelo regime militar de 1964.

Em 10 de julho de 1981, a base territorial é estendida aos municípios de Antônio Prado, Canela, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Gramado, Nova Petrópolis, São Marcos e Vacaria, este último até 1990.

A atual sede social do Sindicato dos Bancários é inaugurada no dia 2 de julho de 1982. O jornal, Voz do Bancário, é lançado em janeiro de 1984, constituindo-se em um importante veículo de comunicação da categoria. Também nesta década, em 1986, o terreno da sede campestre é adquirido.

A luta pela redemocratização do país marcou a década de 80 em todos os setores. Em 1985 acontece a maior greve da categoria, tornando-se a que contou com a mais ampla participação dos bancários. Esta greve paralisou durante dois dias o sistema financeiro nacional.

Os anos seguintes também são marcados por greves, até 1991. Neste período em diante, a implantação do receituário neoliberal e a forte reestruturação do sistema financeiro dificultaram a atuação do movimento sindical.

Em 1991 acontece a última grande paralisação da categoria no período. Na cidade de Caxias do Sul, a greve durou entre três dias nos bancos privados e 21 dias nos bancos públicos federais. O julgamento do dissídio pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) foi desprezado pelos empregados da Caixa Econômica Federal, que continuaram a greve, como forma de protesto, por mais quatro dias em Caxias do Sul.

Bancários em greve ocupam a Praça Dante Aligheri, em Caxias do Sul, em 1991

Em 1991, por decisão da categoria, o Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul e Região filia-se à CUT, Central Única dos Trabalhadores, fundada em 1983.

Avançando no processo de democratização da entidade, a estrutura da diretoria é modificada em 1992. A partir de então, a diretoria deixa de ser presidencialista e passa a funcionar através de colegiado. Ainda nesta década são inauguradas as estruturas da Sede Campestre, em 1996.

Os municípios de Ipê, Nova Roma do Sul, Nova Pádua e Picada Café passam a integrar a base territorial da entidade, em 1997.

Apenas em 2003 ocorre nova greve nacional, contando com uma forte participação dos empregados em bancos públicos federais.

Em 2004, os bancários realizam a 11º greve nacional da categoria, constituindo-se na mais longa da história da categoria. A paralisação teve início em quatro capitais e se alastrou pelo Brasil inteiro, atingindo 24 capitais e o interior. A maior greve nacional, até então, havia durado 19 dias na campanha salarial do ano de 1946.

Em Caxias do Sul e Região, a paralisação iniciou em 17 de setembro e se prolongou até o dia 14 de outubro, sendo uma das primeiras regiões do estado a aderir ao movimento nacional. Apesar de todos os recursos utilizados pelos banqueiros para acabar com a greve, a determinação dos bancários resistiu.

Bancários tomam as ruas, em 2004, em uma das mais longas greve da categoria

Em 2005, o Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul e Região comemorou 70 anos em defesa da categoria e na busca de melhores condições de vida para os bancários. Durante sua trajetória, a entidade participou ativamente dos movimentos políticos e sociais que envolveram a categoria.