
No dia 24 de outubro de 1935, foi fundado o Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul. Na época, as principais bandeiras de luta eram a caixa de aposentadorias e pensões, o salário-mínimo profissional, a jornada de 6 horas e a fiscalização do trabalho.
Entre as lideranças que marcaram esses 90 anos estão Gysmunda Pezzi, primeira mulher a presidir um sindicato no Estado, em 1937; Romolo Segalla, Clóvis Esperandio e Percy Vargas de Abreu Lima, presos pela Ditadura em 1964; Dauro Brandão de Mello, que reorganizou o sindicato nos anos 1970; e Ansélio Brustolin, que, nos anos 1990, promoveu a filiação às entidades nacionais da classe trabalhadora, como a CUT.
Hoje, o sindicato representa 1.700 bancários, abrangendo 14 cidades da Região e tem o desafio de ampliar essa representação para todos os trabalhadores do ramo financeiro, cerca de 5 mil pessoas.
Os bancários são a única categoria com uma Convenção Coletiva em nível nacional, o que garantiu importantes direitos. No entanto, enfrentam os impactos da Reforma Trabalhista de 2017 e da terceirização das atividades-fim, que reduziram postos de trabalho e ampliaram a precarização.
O setor bancário vive uma contradição. Lidera em tecnologia e automação, mas os benefícios desse avanço não se refletem nos funcionários ou na sociedade. Os bancos aumentaram o lucro, mas promovem demissões, fechamento de agências, cobrança de metas abusivas e assédio moral.
Uma das lutas mais importantes do sindicato é o compromisso de defender os bancos públicos, como o Banco do Brasil, a Caixa Federal e o Banrisul, que têm papel social fundamental ao financiar agricultura, pequenas empresas e obras de infraestrutura. O sistema financeiro deve ser pensado dessa forma, pelo viés da justiça e da produtividade.
Vivemos um período de transição. As novas formas de produção e de organização exigem novas relações sociais, impondo outras dinâmicas econômicas, sociais, culturais e políticas em contextos sociais concretos.
Por isso, o projeto de futuro do sindicato deve colocar os trabalhadores em movimento, para que descubram o sentido da luta, renovem a solidariedade, reconheçam sua força social e política e passem a acreditar na possibilidade da justiça e da igualdade.
Nelso Bebber
Diretor de organização e política sindical do Sindicato dos Bancários de Caxias do sul e Região