IPCA foi pressionado pela bandeira vermelha na conta de luz; alimentos recuam pelo segundo mês seguido e brecam alta maior do índice

A alta da conta de luz pressionou a inflação oficial em julho, levando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a subir 0,26%, acima dos 0,24% registrados em junho. Os dados foram divulgados na terça-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado de 12 meses, o IPCA atingiu 5,23%, acima do teto da meta oficial de 4,5%. A taxa está acima do limite desde setembro de 2024, quando ficou em 4,42%, e chegou a 5,53% em abril. Mesmo assim, o resultado de julho representa recuo em relação aos 5,35% acumulados até junho.

A energia elétrica residencial subiu 3,04% no mês e foi o item de maior impacto individual no índice (0,12 ponto percentual). O grupo habitação, impulsionado pela conta de luz, teve alta de 0,91%, com impacto de 0,14 p.p. no IPCA.

Bandeira vermelha e reajustes regionais

O aumento foi provocado, principalmente, pela bandeira tarifária vermelha patamar 1, em vigor desde junho, que acrescenta R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora consumidos para custear o acionamento de usinas termelétricas. O indicador também foi pressionado por reajustes nas tarifas de energia em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Segundo o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, sem a conta de luz o IPCA teria fechado julho em 0,15%. De janeiro a julho, a energia elétrica acumula alta de 10,18%, a maior para o período desde 2018, quando chegou a 13,78%.

Alimentos mais baratos

O grupo alimentos e bebidas recuou 0,27% no mês, gerando alívio de 0,06 p.p. no índice geral. A queda foi a maior desde agosto de 2024 (-0,44%) e ocorreu após nove meses seguidos de alta, interrompidos por recuos em junho (-0,18%) e julho.

A alimentação no domicílio caiu 0,69%, puxada por batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%). “Se os alimentos não tivessem recuado, o IPCA de julho teria sido de 0,41%”, observou Gonçalves.

Outros grupos

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, três registraram deflação: alimentos e bebidas (-0,27%), vestuário (-0,54%) e comunicação (-0,09%).

Houve alta nos grupos habitação (0,91%), artigos de residência (0,09%), transportes (0,35%), saúde e cuidados pessoais (0,45%), despesas pessoais (0,76%) e educação (0,02%).

No grupo transportes, as passagens aéreas subiram 19,92% e foram o segundo item que mais pressionou a inflação, atrás apenas da energia elétrica. Por outro lado, os combustíveis caíram 0,64%, com a gasolina recuando 0,51% — o quarto mês seguido de queda.

Entre as despesas pessoais, o destaque foi a alta de 11,17% nos jogos de azar, devido ao reajuste das loterias, terceiro maior impacto individual do mês.

Efeitos do tarifaço dos EUA ainda não apareceram na inflação

Gonçalves afirmou que o resultado de julho não reflete o aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, vigente desde 6 de agosto. “Seria prematuro. Em teoria, um primeiro efeito poderia ser o barateamento de produtos no mercado interno, caso a oferta aumente, especialmente no caso dos itens perecíveis”, disse.

Metodologia

O IPCA mede o custo de vida de famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos. A coleta de preços é feita em dez regiões metropolitanas — Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre —, além de Brasília e das capitais Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

Fonte: Extra Classe


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