Relatório da Oxfam aponta que as 10 maiores corporações do mundo drenam o poder e a riqueza dos mais pobres para os já multibilionários

A fortuna dos cinco homens mais ricos do mundo mais que dobrou desde 2020 –de US$ 405 bilhões para US$ 869 bilhões–, ao mesmo tempo em que as quase cinco bilhões de pessoas mais pobres ficaram ainda mais pobres. É o que revela o novo relatório Desigualdade S.A., da Oxfam, divulgado na segunda-feira (15/1). O relatório mostra também que, no passo que as coisas andam, o mundo terá seu primeiro trilionário em uma década, sem que a pobreza acabe. Para que esta seja erradicada seriam necessários 229 anos.

Outro dado alarmante apontado pelo relatório da Oxfam é que sete das 10 maiores corporações do mundo têm um bilionário como principal acionista, ou CEO (Chief Executive Officer), cargo equivalente a Diretor Executivo. E que estas empresas têm valor avaliado em US$ 10,2 trilhões, mais do que a soma do PIB de todos os países da África e da América Latina.

“Os super-ricos concentram cada vez mais riqueza e poder. Isso agrava as desigualdades globais de maneira absurda”, disse a diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, para quem a concentração de renda prejudica a democracia e a execução de políticas públicas para atender as pessoas mais pobres. “As empresas estão canalizando o poder e a maior parte da riqueza gerada no mundo para uma ínfima parcela da população, que já é super-rica”, disse.

#TributarOsSuperRicos

Para o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Walcir Previtale, “a desigualdade, em termos mundiais, é absurda! São necessárias cinco bilhões de pessoas para dar sustentação à drenagem da riqueza, que é produzida socialmente, para alguns pouco multibilionários”.

Walcir ressalta que a concentração de renda explodiu no mundo inteiro, mas que no Brasil a coisa ainda é mais grave. Os dados apontam que 50% dos ativos globais estão nas mãos de 1% da população. No Brasil, esta concentração chega a 60%. “O não pagamento de tributos e impostos pelos super-ricos faz com que haja toda essa concentração de renda, como, por exemplo, no Brasil, onde a distribuição dos dividendos dos lucros das empresas é isenta”, explicou. “Outro exemplo brasileiro são as brechas na legislação tributária, que permitem aos proprietários de grandes agroindústrias declarem os ganhos das empresas como sendo de pessoas físicas”, continuou o dirigente da Contraf-CUT.

“Então, apesar de o governo ter conseguido um grande avanço com a aprovação da parte da reforma tributária que simplifica o sistema e de algumas medidas que contribuem com a tributação das offshores e dos fundos de investimentos dos super-ricos, ainda há uma longa luta para tentarmos, pelo menos, minimizar essa concentração.

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Fonte: Contraf


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