Em tempos de um governo privatista, foi lançado um grande desafio na manhã de sexta-feira (08/12): unir forças de vários setores da sociedade para fortalecer os bancos públicos estaduais e usá-los como ferramenta para alavancar a economia do estado. O “Fórum de debates sobre papel público no sistema financeiro gaúcho”, aberto pelo parlamentar propositor, deputado Miguel Rossetto (PT), reuniu bancários, bancárias e dirigentes sindicais, no plenarinho da Assembleia Legislativa do RS. Os debates serão feitos ao longo do primeiro semestre de 2024 e a expectativa é de que gerem propostas a serem apresentadas no segundo semestre do mesmo ano.
Raquel Gil de Oliveira, diretora da Fetrafi-RS e funcionária do Banrisul, parabenizou os dirigentes sindicais que estão em constante luta contra a privatização do banco dos gaúchos. “Se estamos aqui hoje, discutindo mais profundamente o papel desses bancos no nosso estado é por conta de todo o trabalho que esses dirigentes vem fazendo nos seus espaços de luta”, enfatizou. Ela agradeceu ao presidente do Banrisul, Fernando Lemos, pela presença no debate, o que materializa o que o mesmo disse durante a sabatina no Legislativo, de que “assumiria esse compromisso conosco de diálogo e de fortalecimento do papel do Banrisul no atendimento aos clientes”. Em seguida, agradeceu ao deputado Miguel Rosseto pela “ousadia” de chamar o povo para debater o futuro dos bancos públicos do estado. “Essa tua ousadia fará com que cada espaço nesse estado, cada cidade, cada câmara de vereadores, cada escola, cada movimento sindical, possam discutir que sistema financeiro nós queremos para o nosso estado. Essa é a verdadeira democracia e faremos todo o esforço para que cada canto desse estado faça esse debate”, disse.
O presidente do SindBancários Porto Alegre e Região, Luciano Fetzner, disse que tem acompanhado e participado ativamente, ao longo dos últimos anos, das negociações com o Banrisul, com o Badesul e com BRDE. E que juntos, sindicato e direção dos bancos, têm construído “muitas soluções, muitos caminhos e muitos processos positivos para a sociedade gaúcha e para as nossas instituições financeiras públicas. Isso tudo se reflete no que está acontecendo aqui hoje, o diálogo, a participação e a cooperação, que nos levaram a superar todo o processo da pandemia, e que vão nos ajudar a superar daqui pra frente outros eventos catastróficos”.
Em sua fala, Rossetto abordou a questão das mudanças climáticas que afetaram negativamente a economia do estado. O parlamentar defendeu “uma economia que seja capaz de cuidar dos recursos naturais, que são nossos bens comuns”, uma vez que as alterações no clima são decorrentes dos danos ambientais gerados por um modelo econômico predador. A intenção, segundo o deputado, é alinhar a agenda de crescimento e desenvolvimento do RS com a agenda nacional, e para isso propôs trazer para dentro do debate pessoas que conheçam profundamente a realidade gaúcha. “O fortalecimento dessas instituições e da economia gaúcha vai qualificar mais a vida do nosso povo”, ressaltou.
Banrisul
Fernando Lemos, presidente do Banrisul, lembrou que as mudanças são necessárias e urgentes, para que as instituições possam se adequar à Reforma Tributária, que veio para mudar o padrão da economia brasileira. “É preciso ter responsabilidade em relação às instituições públicas de fomento e de de crédito. Temos três grandes bancos se complementam e que podem induzir e devem induzir o desenvolvimento econômico do estado”, defendeu.
Lemos falou ainda sobre a importância dos bancos de varejo, como o Banrisul. “Só existe economia forte, onde há um banco de varejo, que representa as veias que distribuem o sangue do desenvolvimento, que é o crédito. Sem crédito, não tem desenvolvimento. Por isso, eu sempre digo que o Banrisul não tem preço, ele tem valor, e o valor dele é o que ele oferece para o Rio Grande do Sul”, completou.
BRDE
Ranolfo Vieira Júnior, vice-presidente do Banco Regional de Desenvolvimento Econômico (BRDE), anunciou que há um estudo em fase final, solicitado pelo Conesul, que visa integrar o capital social do BRDE no estado do Mato Grosso do Sul. Com isso, o MS passaria a compor o BRDE, juntando-se ao RS, SC e PR. “Como vice-governador do estado [na gestão passada] entendi o quanto o sistema financeiro é importante para o desenvolvimento do estado e da região sul. Por isso, participaremos ativamente de todas as reuniões do Fórum, porque esse debate é muito importante”, disse.
Badesul
Cláudio Gastal, presidente do Badesul, destacou a Reforma Tributária como “algo que vinha sendo muito esperado pela sociedade em geral, pelo setor empresarial, pelos setores produtivos, algo que simplificasse o sistema brasileiro. Vamos ter um ganho muito grande que é o custo de transação, o custo do imposto escondido pelo tempo que se demora hoje no País, devido à burocracia que se exige para pagar um tributo e fazer qualquer sistema tributário funcionar”. Segundo ele, a Reforma trará muitos desafios para bancos e agências com o perfil do Banrisul, BRDE e Badesul, porque será preciso buscar novas formas de levar o desenvolvimento de maneira descentralizada. “A guerra fiscal termina e a única forma que haverá para o desenvolvimento será o fomento ao crédito”. destacou.
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Fonte: Bancários RS