Santos e Rio de Janeiro são exemplos onde o mar pode subir e deixar 5% da área destas cidades alagadas. Aquecimento global é realidade

Centenas de cidades correm risco de inundação permanente até 2050 em consequência do aquecimento global. O cenário é ainda mais complicado até 2100. É o que revela estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com agências especializadas. De acordo com os cientistas, cidades como Santos, Rio de Janeiro, São Luís e Fortaleza, para falar apenas do Brasil, correm sérios riscos. No Rio, por exemplo, o mar deve subir 48 centímetros até o fim do século. Fortaleza, 50 centímetros.

Na prática, confirmadas as projeções, 70 milhões de pessoas deverão deixar suas casas em todo o mundo em razão da elevação dos mares. A estimativa para parte das cidades costeiras do Brasil é de que, até meados deste século, ou seja, daqui a um par de décadas, 5% delas estejam submersas. A culpa disso é do mesmo mecanismo que tem levado os brasileiros a experimentarem eventos extremos: o aquecimento global. De acordo com dados incipientes, 2023 deve fechar como o ano mais quente do planeta em mais de 100 mil anos.

Já começou

A elevação do nível dos oceanos parece inevitável para os especialistas. Isso porque a comunidade internacional está longe de atingir a redução dos gases no efeito estufa propostos por cientistas. A falta de comprometimento com o planeta vem ampliando as consequências. Nesta semana, a Rússia e a Ucrânia viveram dias difíceis com ventos acima de 140 quilômetros por hora, tempestades de neve e tsunamis no que a mídia local chama de “tempestade do século”.

Na semana anterior, cidades litorâneas do Brasil, como Rio de Janeiro, São Sebastião (SP) e Laguna (SC) viveram “tsunamis meteorológicos”, com ondas que avançaram sobre as cidades. Isso sem falar nos termômetros do Sudeste e do Centro-Oeste que superaram os 45 graus em algumas cidades com uma onda de calor sem precedentes. A sensação térmica superou os 55 graus no Rio de Janeiro. Não basta apenas olhar para o fenômeno do El Niño, um dos maiores da história, que aquece as águas do Pacífico. Isto porque sua intensidade recorde é resultado das mudanças climáticas.

Tempestade na cidade de Sochi, na Rússia, ontem (27). Mudanças climáticas estimulam eventos extremos.

Estudos do aquecimento global

O estudo divulgado na terça-feira (28) engrossa a urgência por mudanças drásticas no comportamento dos países, particularmente nas relações capitalistas que explodem em cenários apocalípticos. Ironicamente, o capitalismo que provoca as mudanças climáticas será um dos mais prejudicados. Se nada mudar nos modelos, o cenário será de caos. “O deslocamento de milhões de pessoas e a interrupção da atividade econômica nos principais centros de negócios podem introduzir novos elementos de instabilidade e aumentar a competição por recursos”, afirma Pedro Conceição, diretor do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud, à coluna do jornalista Jamil Chade.

O estudo faz parte de uma série de levantamentos que antecedem a realização da Cúpula do Clima da ONU, a COP28, que começa neste fim de semana, em Dubai. Lá, mais uma vez, os líderes do capitalismo sentarão à mesa. O Brasil promete cobranças firmes, com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, as expectativas para ações concretas não são as maiores, uma vez que os alertas não são recentes. Ao contrário, pelo menos desde 1992, com o Protocolo de Kyoto, o mundo já esperava a tragédia do aquecimento global que agora atinge diferentes pontos do globo.

O levantamento de hoje é resultado de um estudo em parceria com o Climate Impact Lab, que estuda as mudanças climáticas. O texto cita uma série de cidades em risco especial de inundações permanentes: Santos, Fortaleza, São Luís e Rio de Janeiro (Brasil), Guaiaquil (Equador), Barranquilla (Colômbia), Kingston (Jamaica), Calcutá (Índia) e Perth, Sydnei e Newcastle (Austrália), entre outras. No Caribe e na Polinésia, países inteiros podem simplesmente sumir ao longo do século. É o caso de Tuvalu, pequeno país polinésio, que já possui um acordo com a Austrália para o recebimento de refugiados do clima.

Fonte: Rede Brasil Atual


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