Durante o encontro, a  sindicalista defendeu que a categoria se engaje de forma incisiva na reconstrução do País, já que em 2023 não haverá convenção coletiva, devido ao fato do último ACT ter validade de dois anos. “Temos que debater como iremos refazer o Brasil, que foi destruído a partir do golpe de 2016, que derrubou a presidenta Dilma”, disse Juvandia Moreira.

Defender e fortalecer a democracia é fundamental, segundo ela, para que o País não fique à mercê de governos que venham a atacar os mecanismos democráticos, como aconteceu durante a gestão de Bolsonaro. “Para isso precisamos avançar nas reformas, no sentido de combater as desigualdades sociais. A reforma tributária, como está, é muito importante, mas ainda está incompleta, porque não coloca os ricos no orçamento e não define como será financiada a previdência social”, observou.

A sindicalista ressaltou que o tema estratégico para 2023 será a “reforma sindical”, que deve ser feita por dentro. “Para isso, não vamos mudar a constituição porque temos um Congresso extremamente conservador, que não faria uma reforma positiva para o trabalhador. Portanto, o debate será feito nas mesas de negociação”. Segundo ela, o financiamento sindical já vem sendo discutido nas mesas e deve avançar nos próximos meses, mas para aprovação vai depender de muita mobilização junto ao Congresso Nacional.

Estão ainda na pauta da CUT, além da contribuição negocial; a organização sindical; a autorregulação; e o fortalecimento da negociação coletiva, que se enfraqueceu com a reforma trabalhista, na medida em que permitiu negociações individuais entre empregadores e empregados. “Para implantar o modelo neoliberal, a primeira coisa que fizeram foi enfraquecer o movimento sindical e os movimentos sociais, que são os braços da resistência”, observou.

Juvandia Moreira, que também é vice-presidente da CUT Nacional, informou que a Central vai investir fortemente em uma campanha de conscientização junto à classe trabalhadora para explicar a importância dos sindicatos, porque falta consciência de classe e formação política às pessoas em geral.

Ela elencou as conquistas dos seis meses de governo Lula: retomada do Bolsa Família; correção do salário mínimo; igualdade salarial entre homens e mulheres; ampliação da taxa de isenção do imposto de renda; retomada do Plano Safra; retirada das privatizações da agenda; e reforma tributária. E apontou os desafios para o próximo período: organizar a classe trabalhadora; pressionar pela regulamentação das plataformas digitais, “que têm um poder enorme de espalhar mentiras e atacar a democracia”; e debater o futuro da categoria bancária, ameaçada pelas novas tecnologias. “É preciso se apropriar dos ganhos tecnológicos e tirar proveito disso, seja para ter jornada de quatro dias ou garantir a renda mínima”, disse.   

Ao final, a presidenta da Contraf-CUT chamou bancários e bancárias a participarem da Consulta Nacional, que fica no ar até o dia 2 de agosto.

Menos Metas, Mais Saúde

“O assédio moral virou ferramenta de trabalho dos gestores”, afirmou Mauro Salles, diretor de Saúde da Contraf-CUT, durante a 25ª Conferência Estadual dos Bancários. Essa prática tem gerado um adoecimento crônico entre bancários e bancárias e atualmente, segundo Salles, as doenças psíquicas superam as LER/Dort. “As metas impostas nunca terminam, porque quando se atinge o que foi proposto, o gestor impõe outra meta”, relatou o sindicalista, que está na linha de frente da campanha “Menos Metas, Mais Saúde”, lançada pela Contraf-CUT em 2023.

Para combater o problema, Salles disse que é preciso denunciar o assédio moral organizacional, que está na estrutura do modelo de gestão. Caso contrário, mudam os gestores, mas os problemas continuam. “Precisamos de canais de denúncia efetivos, que tenham a participação dos sindicatos. No Banrisul, no último acordo, conseguimos o direito de acompanhar as denúncias, mas nos demais bancos não é assim”, revelou. 

Envolver todos os dirigentes sindicais com o tema saúde e pressionar os órgãos fiscalizadores – que foram desmontados no último governo – são ações urgentes. Para além das campanhas de mídia, o sindicalista diz que é de fundamental importância visitar os locais de trabalho e ouvir relatos dos trabalhadores. “O debate sobre a saúde deve ser permanente, não apenas durante a campanha”, enfatizou. Mauro Salles informou ainda que a Contraf-CUT está articulando uma audiência pública no Senado para dar visibilidade ao problema.

Moções e Resoluções

A 25ª Conferência Estadual dos Bancários aprovou, por unanimidade, três moções:

1. Moção de Apoio à Presidenta da Caixa, Maria Rita Serrano
2. Moção de Repúdio ao Agiliza nas salas de autoatendimento das agências da Caixa Federal
3. Moção de Solicitação de efetivo cumprimento do acordo entre a Caixa e o MPT, em que a Caixa compromete-se a manter Política Institucional de Combate aos Assédios Moral e Sexual

Também foram aprovadas cinco resoluções (ver documento), que irão nortear a luta no próximo período.

Fonte: Bancários RS


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