Movimento sindical alerta que retração do regime na área pode gerar fuga de talentos
O Comando dos banrisulenses esteve reunido com o banco nesta terça-feira, 20, para tratar do teletrabalho nas áreas de Tecnologia da Informação (TI). Após o prazo de mudança ser suspenso, o Banrisul apresentou suas justificativas ao movimento sindical para impor a mudança no regime de trabalho dos empregados da área de TI. As justificativas foram rechaçadas pelo Comando. Dentre elas, o banco considera que os colegas estariam reduzindo a produtividade e perdendo o vínculo com a cultura da empresa.
Em duas horas e 30 minutos de reunião, o Banrisul argumentou suas justificativas, mas não trouxe o mapeamento dos postos de teletrabalho em todas as áreas, e quais têm maior ou menor grau de necessidade presencial. O Comando reivindica esses dados desde as mesas de negociação sobre o tema no começo do ano. “Consideramos que esse levantamento seja fundamental para fazer a discussão com os colegas. A mudança no regime de trabalho mexe com a vida das pessoas. Não pode ser feita desta forma brusca, desnecessária e sem diálogo. Se há algum projeto específico que o banco necessite a presença dos colegas, que selecione alguns dos trabalhadores para essa demanda”, destacou a diretora da Fetrafi-RS, Raquel Gil de Oliveira.
Por que o Banrisul não apresentou as justificativas para a mudança do regime de teletrabalho durante as mesas de negociação sobre o tema em janeiro? Esse questionamento foi feito pela diretora da Federação, Ana Betim Furquim. “Há pouco tempo renovamos o acordo sobre teletrabalho e nenhum dos pontos apresentados hoje como justificativa foram colocados em mesa. Mudar a regra sem diálogo é um retrocesso no processo de negociação”, afirma.
Para o presidente do SindBancários de Porto Alegre e Região, Luciano Fetzner, o banco está dando passos atrás na discussão desta pauta e a consequência será a perda de talentos na área de TI. “Tem muita indignação, apreensão e vontade de desistir de trabalhar no Banrisul em uma área que é vital para o banco. Nós não queremos isso. Os melhores serão os primeiros a saírem. É assim que funciona em mercado de trabalho. Qual banco privado não vai querer pegar os melhores empregados do Banrisul, sabendo que o banco é top no desenvolvimento de software bancário?”, indagou. Fetzner considera que o movimento de mudança do regime de teletrabalho imposto pelo banco vai na contramão de tudo que estava sendo construído nas mesas de negociação. “O Banrisul está criando um problema que pode ser evitado”, afirmou.
Os acordos assinados com o Banrisul preveem que o teletrabalho é organizado por cada gerência conforme suas demandas, regras de ergonomia, possibilidade do integral, direito à desconexão, ponto eletrônico, banco de horas e prazos claros para quaisquer alterações. “Temos talvez os melhores acordos coletivos de teletrabalho do país. Construímos ele com muito cuidado e com muita preocupação com a saúde organizacional, com a proteção dos trabalhadores e com a cultura da empresa. Por isso, criamos a importante regra dos quatro dias de mínimo presencial, depois avançado para o regramento do integral – tratado como exceção – e acompanhado de uma série de proteções previstas no acordo. Amarramos tudo em um tripé que soma teletrabalho, ponto eletrônico e banco de horas. Mas essas preocupações não dialogam com a determinação do banco de limitar a 15 dias o home office. Essa limitação retrocede direitos e joga fora o empenho de muitos colegas, que já conseguiram se organizar de modo a inclusive aumentarem a produtividade através do trabalho híbrido. É questão de organização”, concluiu o presidente Fetzner.
Os negociadores do Banrisul prometeram que as solicitações do movimento sindical sobre o regime de teletrabalho serão encaminhadas para a diretoria para discussão interna e um retorno será dado ainda nessa semana. Afirmaram também que há sensibilidade às demandas e trabalharão no intuito de diminuírem-se os impactos da decisão, ainda que o banco considera que são necessárias mudanças no modelo vigente. Em maio, os empregados do Banrisul haviam recebido comunicado de que o modelo de trabalho híbrido seria alterado já no mês junho. A notícia gerou revolta. Ao saber da alteração, os(as) empregados(as) da área de TI se mobilizaram rapidamente e arrecadaram 448 assinaturas em um abaixo-assinado contrário à decisão do Banrisul, que atendeu o pedido de suspensão protocolado pelo sindicato e abriu a negociação. Os trabalhadores e trabalhadoras das áreas de tecnologia seguem mobilizados e dialogando bastante, na expectativa de um retorno positivo do Banco antes do mês de junho acabar.
Fonte: Bancários RS