Representantes do Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul e Região participaram do evento em Porto Alegre

Cerca de 300 pessoas participaram, nesta quinta-feira, da 1ª Conferência Intersetorial sobre Saúde e Trabalho bancário, realizada pelo SindBancários Porto Alegre e Região e pela Fetrafi-RS, em Porto Alegre. Compareceram bancários e bancárias da Capital e do Interior gaúcho, além de outros estados: Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Pará, Ceará, Alagoas e Bahia.

 

 

O Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul e Região esteve representado pelos diretores Daniela Amoretti Finkler e Nelso Bebber, além dos delegados sindicais do Banrisul Maria Scola e Sebastião Roza.

 

A mesa de abertura do evento, realizada no SindBancários, contou com a presença do secretário da Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Mauro Salles; da diretora de Saúde da Fetrafi-RS, Raquel Gil; do presidente do SindBancários, Luciano Fetzner; e da diretora de Saúde do Sindicato, Jamile Chamun.

Realidade impactante

Na ocasião, foi lançado o documentário “Além do limite: quando a meta é sobreviver”, dirigido pelo jornalista Marcelo Monteiro. O filme foi exibido no auditório e no cinema do Sindicato, gerando enorme impacto ao abordar a triste realidade enfrentada pela categoria bancária, com relatos de diversos casos de adoecimento psicológico, alguns culminando em suicídio.

 

 

Presente na conferência, o vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius de Assumpção Silva, considera o tema como o principal debate da categoria atualmente e defende que seja ampliado nos próximos anos. Ele comentou que ocorreram evoluções nos bancos, mas ainda insuficientes para garantir efetivamente melhores condições de trabalho. De acordo com o vice-presidente, os dados são alarmantes, com 78% dos trabalhadores fazendo uso de remédios controlados. “Antes os problemas de saúde dos bancários e bancárias eram decorrentes de LER/Dort, agora são ansiedade, depressão. O índice de afastamento por doenças do trabalho, nas demais categorias, é de 15%, enquanto no meio bancário chega a 25%”, relatou.

É hora de agir

Depois da exibição, foi promovido um bate-papo, com perguntas do público.

O diretor do documentário, Marcelo Monteiro, explicou que a ideia do documentário surgiu a partir de sua experiência pessoal enfrentando a depressão, com grande impacto no âmbito profissional, além do fato de ter um tio bancário, o que o estimulou a abordar a situação de saúde mental no setor. “Espero que esse documentário seja aquele sinal; que sirva pras pessoas que eventualmente estejam passando por isso ou vendo algum colega passar por isso, que desperte nas pessoas o sentido de que é hora de agir”, ressaltou.

 

 

O psicólogo do Departamento do SindiBancários Porto Alegre e Região, André Guerra, avaliou que o cenário encontrado no meio bancário reflete a sociedade como um todo, por ser uma questão estrutural, consequente do sistema capitalista, cuja ideologia gera adoecimento ao naturalizar a indignidade no ambiente de trabalho. “Esse processo é o mais difícil, de despatologizar os indivíduos e patologizar as organizações”, destacou. Conforme o psicólogo, é importante entender o contexto e os fatores geradores do adoecimento. Ele defende que a lógica de focar apenas em métodos de tratamento para doenças é insuficiente, que é necessário ampliar o debate para formas de prevenção. “O nosso problema não é o adoecimento mental da categoria, o problema que a gente enfrenta no mundo do trabalho hoje não é nem um problema de saúde, é um problema ético/político, de violação da dignidade das pessoas”, pontuou.

Com informações de SindBancários

 


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