Decisão sai amanhã à noite. Nesta terça, centrais fazem manifestações pelo país. “Juros travam crescimento”, afirma sindicalista
A 253ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), começa nesta terça-feira (21) sob uma poucas vezes vista saraivada de críticas. Do próprio governo, do setor produtivo e das entidades de trabalhadores, contra a taxa básica de juros, a Selic, que poderá – ou não – ser alterada no segundo e último dia de encontro do colegiado, já na noite de quarta-feira. Até agora, as projeções indicam que, apesar de estar sob ataque, o Copom tende a manter os juros em 13,75% ao ano, nível em que se encontra desde agosto. O maior em seis anos.
De agosto para cá, a inflação (IPCA) anualizada caiu três pontos percentuais, de 8,73% para 5,60%. Ou seja, em poucos meses a diferença entre juros e inflação subiu de 4,6% para 7,7%. A autoridade monetária aponta riscos, internos e externos, para a inflação brasileira. Mas o governo não tem engolido a argumentação.
Nada justifica
“Não há nada que justifique 8% de juros reais acima da inflação quando não há demanda explodindo e quando o mundo inteiro tem praticamente juros negativos”, afirmou ontem (20), durante seminário, o vice-presidente, Geraldo Alckmin. Ele também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No mesmo evento, organizado pelo BNDES, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, chamou as taxas de juros de “pornográficas”. E até o professor Joseph Stiglitz, Nobel de Economia, falou em “pena de morte” ao se referir ao juros praticados no Brasil pelo Copom. Representantes das montadoras também já fizeram reclamações públicas.
Por sua vez, representantes das centrais sindicais se unem hoje em protesto contra os juros altos mantidos pelo Copom. O principal ato está marcado para as 10h, diante da sede do BC em São Paulo, na avenida Paulista – por sinal, quase em frente à Fiesp. Desta vez, os sindicalistas vão assar e distribuir quilos de sardinhas. Uma manifestação que esteve na moda nos anos 1990. “A intenção é mostrar que os juros altos engordam os tubarões rentistas, enquanto para o povo só sobra sardinha”, afirma o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. (Confira abaixo outros atos.)
Trava ao crescimento
Em outra frente, o Conselho Nacional da Previdência Social reduziu, de 2,14% para 1,70% ao mês, a taxa do crédito consignado. A decisão, defendida pela Fazenda, saiu no dia 13. Mas depois disso os principais bancos suspenderam a modalidade. O governo deve se reunir hoje para rediscutir o assunto.
“Os protestos são fundamentais para pressionar a direção do BC, comandada por Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL), a baixar os juros que estão travando o crescimento econômico, impedindo a geração de empregos”, afirma o presidente da CUT, Sérgio Nobre. “Todo mundo tem um amigo, um parente desempregado e essa penúria que o trabalhador vem passando tem tudo a ver com os juros altos que impedem as empresas de investir e o próprio governo de promover programas sociais e fazer obras como abrir novas estradas, consertar as que precisam de reparos, entre outras que geram milhares de empregos.”
Atos previstos para esta terça-feira
- Aracaju: Praça General Valadão, centro, em frente à sede do BC, às 7h30
- Belém: Boulevard Castilhos França, 708 – Campina, às 9h
- Belo Horizonte: Praça Sete, às 11h
- Brasília: Setor Bancário Sul (SBS), Edifício Sede do BC, às 12h30
- Curitiba: Av. Cândido de Abreu, 344 – Centro Cívico, às 11h
- Fortaleza: Av. Heráclito Graça, 273 – centro, às 9h30
- Porto Alegre: Rua 7 de Setembro, 586 – centro, às 12h
- Rio de Janeiro: Caminhada da Candelária até a sede do BC, na avenida Presidente Vargas, centro, às 17h
- Recife: Avenida Conde da Boa Vista, 785, em frente ao Santander
- Salvador: 1ª avenida, 160 – Centro Administrativo da Bahia (CAB), às 9h
- São Paulo: Av. Paulista, 1.804, sede do BC, a partir das 10h
Fonte: Rede Brasil Atual