A mesa de negociação com o Banrisul sobre as pautas de saúde dos(as) trabalhadores(as), que ocorreu nesta terça-feira (2), não avançou. O Banco se eximiu da discussão sobre a Cabergs e sugeriu submeter o debate de quase todas as reivindicações à Comissão de Saúde e ao Gabinete de Crise.

A reunião foi virtual e ampliada, pois contou com membros do Comando Nacional dos Banrisulenses e da Comissão de Saúde, que manifestaram seu descontentamento com a falta de vontade do Banco em negociar. “A pauta de saúde não é só do nosso interesse, mas também deve ser do Banco, porque estamos trazendo formas de melhorar a saúde para os Banrisulenses e isso reflete no trabalho”, ressaltou a diretora da Fetrafi-RS Raquel Gil, cobrando ações afirmativas do Banrisul quanto à questão.

“Nós enxugamos a pauta para dar celeridade às negociações e o Banco não está fazendo a sua parte. Ele veio para a mesa de hoje só para ganhar tempo, nós queremos que a negociação avance”, afirma o diretor da Fetrafi-RS Sergio Hoff.

“Eu espero que o Banco reveja essa postura. Trouxemos várias denúncias e não estamos recebendo nenhuma proposta de solução para os problemas”, disse a também diretora da Federação, Ana Maria Betim Furquim, que apresentou casos de colegas que trabalharam com sintomas de Covid e em nenhum momento foram questionados ou orientados pelos gestores.

Divulgação das doenças ocupacionais

A cláusula 15 do Acordo Coletivo de Trabalho prevê a Divulgação de Doenças Ocupacionais por parte do Banco. Contudo, o movimento sindical reivindica relatórios mais detalhados, com o código CID, função que o(a) empregado(a) ocupa, duração do afastamento e caso haja afastamento superior há 15 dias, indicar a espécie de benefício que foi concedido pelo INSS.

Os representantes do Banrisul afirmam que já cumprem o acordo, mas, na verdade, os dados divulgados são insuficientes. “A categoria bancária adoece três vezes mais que as outras categorias de trabalhadores. E nos últimos cinco anos, o afastamento dos bancários do trabalho por questões de saúde cresceu duas vezes mais do que nas outras categorias. Queremos saber por que as pessoas se afastam para contribuir na resolução do problema”, argumentou Raquel.

Isonomia de Tratamento aos afastados

Outro ponto importante da pauta dos banrisulenses reivindica que o Banrisul cumpra o que versa a cláusula 16, e que assuma o pagamento do salário do(a) empregado(a) que tiver alta do INSS, mas cuja incapacidade para retornar ao trabalho seja atestada por médico e que o pagamento seja garantido até se esgotarem todos os processos administrativos ou judiciais contra o INSS.

Também foi solicitado ao Banco que garanta aos(as) empregados(as) que recebem aposentadoria pela Previdência Social, e que se afastem por mais de 15 dias, em virtude de doença, acidente de trabalho ou licença maternidade, a complementação do salário até a cessação da incapacidade para o trabalho.

Compromisso do Banco no período pandêmico

O compromisso do Banco com a preservação da saúde dos(as) trabalhadores(as) foi outro assunto abordado na reunião. Os Banrisulenses reivindicam o cumprimento de oito ações para controle da transmissão de Covid-19 entre os colegas. Estão, entre elas, a medição da temperatura de clientes e empregados(as), testagem ampla, revezamento de equipes nas agências. “É papel do movimento sindical reabrir a discussão da imunização, por exemplo. O Banco precisa assumir esse compromisso de estimular que as pessoas tomem o reforço das vacinas”, observou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Florianópolis e Região (Sintrafi-SC), Cleberson Pacheco Eichholz.

Para a diretoria do Banco, essa situação deve ser discutida pelo Gabinete de Crise e não na mesa de negociação. “O Banrisul ele não pode se esconder atrás do Gabinete de Crise para dizer que está fazendo política de saúde. O Gabinete só age em cima dos casos já identificados”, ressalta a diretora da Fetrafi-RS Denise Falkenberg Corrêa, membro do grupo de trabalho criado durante a pandemia.

Ao longo da reunião o Banco deu a entender que tudo deveria ser discutido em outras instâncias, como a Comissão de Saúde, e se eximiu até mesmo do debate sobre a democratização da gestão da Cabergs, alegando que o Plano de Saúde tem autonomia. Entretanto, como lembrou o presidente do SindBancários Porto Alegre e Região, Luciano Fetzner, que já foi conselheiro do plano. “Não existe essa autonomia”, afirmou, pois já presenciou situações em que o Banco interferiu em decisões de gestão do plano. “Nossa pauta é tripartite, queremos o Banrisul na mesa com a Cabergs”.

 

Fonte: Fetrafi-RS


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