Comitê Executivo da organização encerra reunião com um balanço do ataque à democracia nos países membros

 

A escalada dos protestos de grupos de extrema-direita teve um novo desdobramento: o ataque direto contra a Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), no dia 9 de outubro. A manifestação foi gerada contra a obrigatoriedade do passe sanitário. Além de contrário à imunização contra a Covid-19 –que já matou mais de 4,8 milhões de pessoas em todo o mundo–, o grupo negacionista invadiu a CGIL, em Roma.

O caso foi abordado com preocupação nesta quinta-feira (14), no encerramento da reunião do Comitê Executivo Regional da UNI Américas, o braço continental da Uni Global Union, sindicato que aglutina entidades de diversas categorias profissionais de 140 países. “Estamos lado a lado com nossos irmãos e irmãs da CGIL para rejeitar este ato fascista de terror e defender a democracia”, destacou Christy Hoffman, Secretária Geral da UNI Global Union. “Respondemos a este ataque com um sentido revigorado de unidade, de solidariedade e compromisso com os valores sindicais”, completou.

Como forma de condenar ativamente os ataques da extrema-direita à sede da CGIL, sindicatos e frentes socialistas marcaram para este sábado (16), um protesto em Roma. “O movimento sindical que defendemos foi construído sobre ideais de democracia, liberdade e solidariedade. É inaceitável que, toda vez que movimentos fascistas de extrema direita reaparecem, ataquem nossas organizações, como fizeram com a sede da CGIL. Não são ataques isolados. Querem diminuir a capacidade dos trabalhadores se unirem para defender direitos humanos e laborais. Não passarão!”, afirmou Roberto von der Osten, Secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), durante o encontro.

Conjuntura brasileira

Durante o evento, representantes dos vários países fizeram uma análise da conjuntura de cada localidade no combate à Covid-19 e na proteção das bases democráticas. No Brasil, a presidenta da Contraf-CUT e vice presidenta da UNI Américas Finanças, Juvandia Moreira, ponderou que “as medidas de repúdio da UNI Américas contra o ataque ao sindicalismo italiano são absolutamente necessárias e chamam o sindicalismo mundial para a solidariedade”, completando: “Não é só na Itália. Também no Brasil, Chile, Colômbia, Argentina, Peru, Bolívia e muitos outros países estão se rearticulando inaceitáveis grupos fascistas de ódio e violência. A Contraf-CUT não apenas se solidariza com a Confederação Geral Italiana do Trabalho como reafirma que a unidade internacional dos trabalhadores e trabalhadoras é fundamental para a preservação mundial da democracia e lutarmos pelos direitos da classe trabalhadora”.

Roberto von der Osten lembrou que “quando a pandemia chegou ao Brasil o país já vivia uma crise econômica, social e política, iniciadas a partir do golpe contra a presidenta Dilma em 2016”. E que, com a chegada da pandemia, o atual governo aproveitou o momento para acelerar a retirada dos direitos, aprofundando ainda mais os amargos níveis de fome e desemprego.

Leia abaixo a íntegra da declaração de repúdio do Comitê Executivo da Uni América aos ataques contra a CGIL

DECLARAÇÃO DO COMITÊ EXECUTIVO DA UNI AMÉRICAS

Montevidéu, 13 de outubro de 2021

O Comitê Executivo da UNI Américas rejeita categoricamente o ataque sofrido pela CGIL, a Confederação Geral Italiana do Trabalho. O ataque de vandalismo contra sua sede por parte de um grupo neofascista não foi uma situação que saiu do controle, senão um feito planejado e uma consequência dos discursos de ódio, que também sofremos na nossa região e que vão legitimando perigosos atos de violência, que não podem ser nem aceitos nem normalizados.

Como disse o secretário geral da Central Sindical, Maurizio Landini, “É um ataque à democracia e a todo o mundo do trabalho que queremos repudiar. Ninguém quer que o nosso país regresse aos anos de fascismo”.

Neste âmbito, reafirmamos que os sindicatos constituem a primeira linha de defesa das democracias e dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e que qualquer tipo de intimidação contra eles é inaceitável e deve ser repudiada com absoluta firmeza.

O Comitê Executivo da UNI Américas envia toda sua solidariedade e apoio aos nossos companheiros e companheiras da CGIL, central respeitada e apreciada na Itália e no mundo.

Em solidariedade.

 

 

 


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