Em sequência de reuniões presenciais na sede da Federação, dirigentes pedem definição de calendário para Campanha Salarial e aprofundamento dos cuidados com a saúde dos banrisulenses
A direção do Banrisul resolveu apostar na profissionalização da negociação com os representantes sindicais. Segundo os próprios representantes do banco, o objetivo deste movimento é facilitar a construção de consensos sobre questões que dizem respeito aos direitos dos trabalhadores.
Às vésperas de mais uma Campanha Salarial, o banco apresentou o seu linha de frente para as futuras mesas de negociação. Em reuniões separadas para evitar aglomerações, o especialista em recursos humanos, com larga experiência em negociações de acordos coletivos com trabalhadores, Fernando Tadeu Perez, foi apresentado a representantes da Fetrafi-RS e da diretoria do SindBancários, respectivamente, na manhã e tarde da quinta-feira, 4 de junho.
Fernando teve a companhia no primeiro contato – que fez questão que fosse presencial – do superintendente de RH, Gaspar Saikoski, e do superintendente jurídico, Paulo Henrique Pinto da Silva, que vinham sendo os principais interlocutores do Banrisul junto às representações sindicais nos últimos anos.
Na reunião da manhã, estiveram presentes os dirigentes da Fetrafi-RS Denise Falkenberg, Fábio Alves e Ana Betim – os(as) três empregados(as) do Banrisul – além dos diretores Luiz Carlos Barbosa e Juberlei Bacelo.
Na vez do SindBancários, à tarde, participaram do encontro os dirigentes sindicais banrisulenses Luciano Fetzner, Claudete Marocco e Gilnei Nunes, acompanhados do assessor jurídico Antônio Vicente Martins.
Os dirigentes foram unânimes em apontar que a defesa do Banrisul público é uma bandeira histórica dos banrisulenses. Esse tema estará no contexto da Campanha Salarial 2020 em razão das movimentações do governo de Eduardo Leite (PSDB) no sentido de tentar retirar salvaguardas da Constituição Estadual, como a obrigatoriedade de plebiscito para vender o Banrisul.
A diretora da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa, reafirmou a história de lutas em defesa do Banrisul público. “O Banrisul resistiu à privatização porque é um símbolo para o RS. A luta pela manutenção do banco foi e é prioridade das empregadas e empregados que sempre cerraram fileiras junto com a população na defesa do banco e das demais empresas públicas do nosso Estado”, detalhou a dirigente.
A também diretora da Fetrafi-RS, Ana Betim, complementou, evidenciando o papel social do Banrisul. “O Banrisul cumpre um serviço de bancarização importantíssimo para o Estado, tendo agências e postos em quase a totalidade dos municípios do RS. Esta é uma conquista do povo gaúcho que beneficia tanto a população e o Estado, quanto o próprio banco”, afirmou a dirigente.
Calendário de negociações e novo encontro
Do lado do SindBancários, o presidente em exercício da entidade, Luciano Fetzner, iniciou a reunião propondo o estabelecimento de um calendário de negociações específicas do Banrisul, uma vez que o limite da vigência dos acordos coletivos da categoria, 1º de setembro, já está próximo.
Além disso, também já existem conversas avançando entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban sobre o renovação de CCT da categoria, o que torna ainda mais urgente o estabelecimento da mesa específica dos banrisulenses.
O novo negociador sinalizou para um novo encontro até o fim do mês de junho e acenou com propostas de um pré-debate. Ele propõe a abordagem de temas como banco de horas e Comissão de Conciliação Voluntária (CCV), além de, em um segundo momento, talvez encararmos o debate sobre Programa de Demissão Voluntária (PDV).
Os dirigentes sindicais querem a definição de um calendário de reuniões com temas relacionados a Campanha Salarial e sugeriram que o debate também aborde questões como a implantação de Plano de Carreira, convocação de aprovados do concurso público e dimensionamento de metas, entre outros temas históricos presentes na pauta de reivindicações dos banrisulenses.
Luciano destacou a nova metodologia do Banrisul para a mesa de negociação. “É bastante interessante este gesto do Banrisul. Esperamos que signifique um estreitamento da interlocução entre a empresa e seus trabalhadores. Neste momento, nosso foco principal est́á na saúde dos bancários e na renovação de nossos acordos coletivos. Contudo, já faz anos que batemos constantemente na tecla de que as negociações de grandes temas não podem se resumir à campanha salarial, mas sim que precisa ser um processo constante”, salientou.
Para o presidente em exercício do SindBancários, melhorar continuamente as condições de trabalho dos colegas repercute na saúde do Banrisul. “Quanto mais conseguirmos avanços para os banrisulenses no dia a dia, mais fortalecemos nosso banco. Isso é bom para os empregados, bom para a empresa e bom para os clientes. Tudo isso contribui com a defesa do Banrisul público”, comentou Luciano.
Experiência com negociação
Durante a cerca de duas horas que durou cada uma das reuniões, Fernando Perez falou de sua filosofia de negociação e de sua história. Fez questão de dizer que espera estabelecer uma relação construtiva com os(as) dirigentes bancários(as) nas rodadas de negociação e que vai buscar a construção de um consenso que seja vantajoso para a saúde do banco e para os trabalhadores.
“Acho fundamental que a gente se conheça pessoalmente. O assunto que vamos tratar é de muita responsabilidade. Tenho um contrato com o banco que define que vou trabalhar na macronegociação. Mas sei também que tem o dia a dia que interfere na negociação maior. A negociação diária fica com a superintendência de RH”, detalhou Fernando.
Durante a conversa, Fernando contou de sua experiência de mais de 35 anos em setores de Recursos Humanos de grandes empresas do setor industrial. Ele passou pela Philco e teve larga experiência no setor automotivo. Chegou a vice-presidente de Recursos Humanos da Volkswagen América do Sul por oito anos e foi diretor-executivo de RH do Conglomerado Itaú por sete ano. Também teve passagem pela Ford.
No Itaú, atuou de 2000 a 2009, conforme relatou. Contou que decidiu deixar esse cargo em busca de mais qualidade de vida, passando a se dedicar à empresa de consultoria que abriu, a cuidar da saúde e trabalhar em uma ONG em São Paulo que arrecada alimentos para enviar ao sertão nordestino.
“Estou preparado para o embate, mas não para brigar. É para construir saídas. Não é porque estamos em lados diferentes da mesa que defendemos interesses diferentes”, salientou Fernando.
Fonte: Imprensa SindBancários