Em 2013, pela primeira vez, as transações por internet e mobile banking no Brasil superaram o uso de meios tradicionais como agências, caixas eletrônicos e atendimento por telefone. Representaram 47% do total, enquanto os canais tradicionais ficaram em 37%. Transações com os correspondentes bancários e maquininhas de cartão totalizam o restante. Além disso, em cinco anos, o número de contas correntes habilitadas a usar smartphone passou de 400 mil para 12 milhões, em 2013.
Os dados mostram que o chamado “banco do futuro” já é uma realidade para parte dos clientes. Mas a questão que se coloca diante disso é: futuro para quem? Afinal, quem ganha com o uso da tecnologia? “Ela deveria resultar em mais conforto para as pessoas, mais qualidade de vida, mais lazer e menos trabalho. Mas o que vemos é que seu uso pelo setor financeiro trouxe más consequências para o emprego bancário, com redução de postos, e tem aumentado o volume de trabalho da categoria, já que podem executar tarefas de casa ou de qualquer lugar”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.
A diretora do Sindicato Ana Tércia Sanches, em entrevista para o MB com a Presidenta exibido na segunda-feira 7, lembra que os bancários no Brasil chegavam a 800 mil na década de 1980, e agora são aproximadamente 500 mil em todo o país.
Demanda maior
Além disso, a melhora na economia do país resulta em maior demanda por serviços bancários, mas a oferta de atendimento presencial dos bancos, feita por meio de agências e de bancários, não tem crescido na mesma proporção.
“Os bancos têm optado por ampliar o atendimento por meio de correspondentes e das novas tecnologias”, destaca o economista do Dieese Gustavo Cavarzan, outro entrevistado do MB.
Clientes
Ana Tércia destacou ainda que o uso da tecnologia traz gastos para o cliente, já que é ele quem compra o notebook, o smartphone e paga a internet, e também acaba realizando serviços antes feitos pelos bancários. Já os bancos economizam, pois os serviços digitais resultam em menor gasto com papel, impressão, transporte e postagem. E, principalmente, em economia com mão de obra.
“Alguns cargos tradicionalíssimos estão em extinção como o de tesoureiros nas agências.” Mas isso não resultou, acrescenta a dirigente, em tarifas menores para os clientes. Pelo contrário, as receitas com tarifas dos bancos vem crescendo a taxas de dois dígitos ano após ano.
Juvandia critica a forma unilateral com que os bancos realizam essas mudanças. “Da forma como está se dando, só quem ganha são as instituições financeiras. E perdem os clientes com o mau atendimento e alto custo, os trabalhadores com as demissões, sobrecarga e adoecimento, e o Estado com os gastos sociais do corte de empregos e de doenças ocupacionais. Nossa luta é para que os trabalhadores e a sociedade se apropriem dos ganhos da tecnologia.”
Fonte: Seeb São Paulo